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Por Diamantino Fernandes Trindade (Livro História da Umbanda no Brasil)

Cacilda, filha de fazendeiros de Valença, RJ, nasceu em 1917. Com cinco anos era uma menina comum que brincava de boneca como as demais. De repente começou a pedir que dessem um cachimbo, Dona Ruth, sua mãe, achava aquilo ridículo e prometia uma boa surra para ela parar com aquilo.

 

Depois veio a cachaça, Cidinha, como era chamada, pedia aos pais, amigos, tios e vizinhos. Nova revolta de Dona Rute que gritou: “Se quer beber, beba álcool. E deram um litro de álcool que Cidinha tomou e voltou a ficar tranquila.

 

Após uma festa de aniversário, Cidinha ficou catatônica, e uma rezadeira foi a sua casa, após alguns cantos da negra benzedeira, a menina levantou e perguntou após alguns dias no estado de quase morte, “E a festa? ”, a rezadeira disse que a menina estava possuída por uma entidade espiritual e aconselharam que a levassem a um centro espírita onde se manifestou Seu Sete. Cacilda ficou curada e passou a operar curas que ninguém conseguia explicar.

 

Além de Seu Sete, Cacilda de Assis, trabalhava com Audara Maria, esposa do Seu Sete, Dona Rosa Vermelha, a Cabocla Jurema e a Vovó Cambinda.  Em 1943 fundou seu primeiro centro no subúrbio carioca de Cavalcanti. Ari Vizeu, radialista e relações públicas da casa disse, em 1971, que Seu Sete consumia entre 40 e 60 garrafas de cachaça por sessão, além de 16 caixas de charutos e no final não ficava nenhum gosto ou cheiro da bebida ou do tabaco. Seu Sete deixa claro que ali o marafo era ferramenta de trabalho e nada mais do que isso.

 

Mais de 5000 pessoas aguardavam a entrada triunfal do Seu Sete da Lira. Movidos pela fé ou pelo magnetismo da entidade, seus fiéis, de algum modo sentiam-se acolhidos pelo Exú.  Nessa época, Seu Sete da Lira era a mais discutida e popular entidade do meio umbandista. Corriam as notícias das curas das doenças graves, apesar do grande número de pessoas não havia brigas ou confusão. Seu Sete pedia sempre: Fé, respeito e compreensão, sendo a música uma das principais ferramentas de cura do Exú.

 

A devoção da entidade pelo santo católico Santo Antônio era visível e constante e sua festa acontecia junto da festa do santo em 13 de junho. Seu Sete conta que encarnado fo um artista, por isso exige muita música para trabalhar. Durante algum tempo, muitos compositores iam à sessões munidos de gravadores, dentre eles, o célebre Lamartine Babo que frequentava a tenda Nossa Senhora da Piedade e transformava alguns pontos cantados em marchinhas de carnaval que tantos dividendos lhe proporcionaram.

 

Várias celebridades visitaram Seu Sete, dentre eles, Abelardo Barbosa (Chacrinha), Tim Maia, a banda Kiss, Freddie Mercury, Pelé, dentre outros. Segundo alguns depoimentos oficiosos, o apresentador Flávio Cavalcanti havia sido curado de um câncer e isso o motivou a levar Seu Sete ao seu programa. Ao contrário do que se esperava, ele concordou.

 

Confira o depoimento de Jackson do Pandeiro sobre Seu Sete da Lira:

Sete da Lira, o Exú do Povo

Por Diamantino Fernandes Trindade (Livro História da Umbanda no Brasil)
Exú Caveira

Após a veiculação do programa, com transes, auditório cantando pontos, desmaios e histeria a censura resolveu intervir nos programas de auditório. Alguns chegam a afirmar que a então primeira-dama Dona Cyla Médici, esposa do Presidente Emilio Garrastazu Médici, teria entrado em transe enquanto assistia o programa.

 

Em seguida foi declarada uma campanha difamatória contra Dona Cacilda de Assis e Seu Sete por parte da imprensa, do governo e da Igreja.

 

Mãe Cacilda continuou firma  a sua luta em prol da caridade e da assistência aos mais necessitados, o último trabalho público de Seu Sete foi em 2002, mas continuou a trabalhar para a família até 2009. Mãe Cacilda, grande e devotada médium faleceu em 21 de abril de 2009, cumprindo sua missão de amor com muito afinco.

Confira um ponto cantado do Seu Sete da Lira na voz da própria mãe Cacilda de Assis:

© 2016 por Flávio Moraes

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